02 Nov, Dia da Finitude

Dizem que tudo tem um começo, um meio e um fim. Começar qualquer coisa é ótimo; um novo trabalho, uma nova vida, um novo rumo. Às vezes dá medo, mas aí seguimos em frente e logo chegamos ao meio do caminho. Certamente encontraremos obstáculos, mas logo passamos por eles, fazemos ajustes e chegamos ao fim.

Assim como o começo, o fim é algo incerto. Afinal, o que temos depois do fim? Será que tudo se acaba mesmo?  Falecimento, óbito, perecimento, finamento, passamento, extinção, decesso, traspassamento, exício, parca. Todos esses termos são sinônimos para um assunto difícil: a morte. Dia 02 de Novembro é Dia de Finados e o blog da semana trata desse tema, ainda tão cheio de tabus.

A ciência não explica o que existe após a morte. Não são poucos os relatos de quase-morte, dos que “foram e voltaram”, mas nada é certo nesse campo. Existe na Medicina, porém, uma área ainda desconhecida para os que estão perto do fim: a Medicina Paliativa. Seu objetivo é tratar e amenizar a dor e o sofrimento de pacientes com doenças incuráveis, que levam a um estado mais debilitado do indivíduo, tais como pacientes oncológicos em estágios avançado da doença.

Além dos sintomas físicos, a Medicina Paliativa trata de questões de ordem social, psicológica e espiritual. Essa área dá apoio a dificuldades como o medo da morte, a apreensão em deixar a família desamparada, conflitos do passado e até problemas de ordem prática, como o afastamento do trabalho e a consequente queda de renda, entre outras.

Assim, as equipes de cuidados paliativos são multidisciplinares, pois uma doença grave atinge não só o paciente, mas também aqueles que o amam. O médico paliativista atua para melhorar o conforto físico do paciente – amenizar a dor, diminuir o mal-estar causado pela doença ou por seu tratamento. Toda equipe, por sua vez, trabalha para que esses e outros incômodos sejam atenuados, para melhoria da qualidade de vida do paciente, de sua família e amigos.

Daí a importância da inclusão de enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, capelães, assistentes sociais, entre outros profissionais, numa equipe de Cuidados Paliativos. Como vemos, somente um grupo de especialistas em diferentes áreas consegue abordar as várias demandas de um paciente paliativo.

Para familiares e amigos, saber que seu ente querido está em tratamento paliativo traz um conforto e a certeza de que seu ‘amado/ amada’ está recebendo todo o suporte possível, para que tenha qualidade de vida enquanto existir. Especialmente nessa fase, a Medicina Paliativa permite que o paciente seja cercado de cuidados, amor e possa aproveitar todos os momentos com aqueles que ama, além de preparar os familiares e amigos para este rito de passagem da vida.

Particularmente, o blog dessa semana é a expressão do momento particular que eu, Florencia Duarte, tenho passado com minha mãe, que está em cuidados paliativos em virtude de um câncer. Eu e toda nossa família estamos experenciando este momento difícil, pois sabemos o desfecho. Mas ao mesmo tempo, estamos tentando dar a nossa amada mãe um cuidado extra, para que ela tenha qualidade de vida neste período tão desafiador, para ela e para nossa família e amigos.

Nossa mãe sempre foi uma pessoa alegre e cheia de vida e é assim, que sempre lembraremos dela. Queremos, enquanto Deus permitir, que ela conviva conosco e que possa estar confortável, lúcida e se sentindo amada.

Recentemente, o programa de TV “Fantástico”, transmitido nas noites de domingos pela Rede Globo, abordou o tema de nosso blog, numa reportagem sensível e emocionante. Durante seis meses, os repórteres Ana Carolina Raimundi e Emílio Mansur acompanharam a jornada de pacientes e familiares, que contaram com uma rede de cuidados, para atravessar o momento mais desafiador da existência. Vale à pena assistir (acesse o vídeo da reportagem no link https://globoplay.globo.com/v/13029031)

Esperamos que esse artigo ajude a esclarecer alguns aspectos desse momento tão difícil para todos. Nosso intuito é minimizar o tabu quanto ao tema, trazer esperança aos que vivenciam essa situação e confortar os que perderam pessoas queridas no passado recente.

Fontes:

– Portal G1 – Fantástico. Cuidados paliativos: os avanços de área da saúde dedicada a trazer paz e conforto a quem tem uma doença incurável. 20/10/2024.  https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2024/10/20/quando-a-morte-chegar-vai-me-encontrar-vivendo-pacientes-em-cuidados-paliativos-aprendem-a-viver-mesmo-sem-chances-de-cura.ghtml

– Portal da ANCP – Academia Nacional de Cuidados Paliativos. O que são Cuidados paliativos. https://paliativo.org.br/o-que-sao-cuidados-paliativos/

– Portal Gov.br – Ministério da Saúde. INCA – Instituto Nacional do Câncer. Medicina Paliativa. Publicado em 10/05/2023. https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/ensino/residencias/medica/medicina-paliativa#:~:text=Formar%20profissionais%20capazes%20de%20reconhecer,pacientes%20com%20doen%C3%A7a%20oncol%C3%B3gica%20avan%C3%A7ada.

– Uso racional de medicamentos: temas selecionados. Medicina paliativa: cuidados e medicamentos, por Lenita Wannmacher. Vol. 5, Nº 1 Brasília, dez 2007. ISSN 1810-0791. https://www3.paho.org/bra/dmdocuments/V5N1_DEZ2007_MEDICINA_PALIATIVA.pdf

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