A proximidade com o Dia das Mães, comemorado esse ano dia 11 de maio, nos remete a um assunto de extrema importância: o aleitamento materno. O gesto é muito mais que a simples alimentação do bebê; é um processo natural e essencial à saúde, que estabelece uma conexão afetiva profunda entre mãe e filho.
A amamentação contribui não só para o desenvolvimento físico da criança, mas também para seu bem-estar emocional e imunológico. Esses são fatores que impactam positivamente a sociedade como um todo, inclusive nas áreas de saúde pública, economia e seguros.
Durante a amamentação, o bebê não recebe apenas nutrientes, mas também carinho, aconchego e segurança. O contato pele a pele, o olhar e o calor da mãe ajudam a fortalecer o vínculo emocional e contribuem para o desenvolvimento psíquico da criança. Estudos indicam que crianças amamentadas tendem a apresentar maior estabilidade emocional, além de melhor desempenho cognitivo e social ao longo da vida.
De fato, o leite materno é como um escudo imunológico; sua composição dinâmica e adaptativa é um de seus aspectos mais extraordinários. Ele contém uma série de anticorpos, principalmente a imunoglobulina A (IgA), que atua como poderosa barreira contra infecções respiratórias, gastrointestinais e outras doenças comuns nos primeiros meses de vida.
Tais anticorpos são doados diretamente da mãe ao bebê, formando sua primeira linha de defesa contra agentes externos. Nenhum leite artificial é capaz de reproduzir esse benefício com a mesma eficiência. Por fim, o leite materno contém células-tronco, enzimas, hormônios e outros fatores de crescimento, que ajudam a moldar o sistema imunológico e o microbioma intestinal do bebê.
Sobre índices de aleitamento materno no Brasil e no mundo, comparar nossos números com os de países desenvolvidos pode surpreender. Dados da UNICEF e da Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que o Brasil é referência mundial em políticas de promoção do aleitamento materno. A média brasileira de aleitamento exclusivo até os seis meses é de aproximadamente 45%, enquanto em países como os Estados Unidos e o Reino Unido, esse índice é inferior a 25%.
Essa diferença se deve a alguns programas públicos, como o Iniciativa Hospital Amigo da Criança, o incentivo ao aleitamento em Unidades Básicas de Saúde e campanhas de conscientização. Nossa legislação também garante às mães brasileiras uma licença-maternidade mais prolongada em comparação com países do Norte Global, o que contribui para os bons índices de aleitamento no Brasil.
Isso reforça uma reflexão importante: nem tudo o que acontece em países desenvolvidos é, necessariamente, melhor ou mais eficaz para nós. Em temas como saúde da primeira infância, nosso país tem conquistado reconhecimento internacional, justamente por valorizar práticas naturais e acessíveis. É um conforto observar que nosso governo investe em campanhas de amamentação, percebendo que elas geram grandes impactos positivos em longo prazo, além de trazer benefícios duradouros para o bebê e para a mãe.
O aleitamento materno é uma estratégia de saúde pública altamente eficaz e de baixo custo. O gesto representa uma forma poderosa de investimento em prevenção, redução de gastos com saúde e fortalecimento dos vínculos familiares, aspectos que se conectam diretamente às áreas de farmácia, finanças e seguros.
Valorizar e proteger a amamentação é uma responsabilidade de todos: profissionais de saúde, empresas, instituições e da sociedade como um todo. Afinal, garantir o direito de amamentar é também investir em um futuro mais saudável, humano e sustentável.
Fontes de pesquisa:
• Portal Gov.br. Iniciativa Hospital Amigo da Criança. Ministério da Saúde. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aleitamento-materno/ihac
• Portal OPAS – Organização Pan-Americana da Saúde. Aleitamento materno e alimentação complementar. 13 JAN 2024. Disponível em https://www.paho.org/pt/topicos/aleitamento-materno-e-alimentacao-complementar
• SBP – Sociedade Brasileira de Pediatria. Quando uma mãe não pode ou não deve amamentar seu bebê? Abril 2025. Disponível em https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/nutricao/aleitamento-materno/quando-uma-mae-nao-pode-ou-nao-deve-amamentar-seu-bebe/
• UNICEF Brasil. Panorama do Aleitamento Materno. https://www.unicef.org/brazil/aleitamento-materno