Medidas de prevenção e vacinação contra a Mpox

Conhecida anteriormente como “varíola dos macacos”, a Mpox é uma doença viral que tem gerado alguma preocupação na saúde pública. Em matéria publicada neste mês de agosto, o Porta G1 voltou a chamar atenção sobre o tema. Segundo a publicação, 709 casos de Mpox foram registrados no Brasil em 2024, especialmente nas grandes cidades, com 16 óbitos. O mais recente foi em abril de 2023.

Fontes oficiais, como o Ministério da Saúde (https://www.gov.br/saude/pt-br), a Organização Mundial da Saúde – OMS (https://www.paho.org/pt)  e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças – CDC (https://www.cdc.gov/), dispõem de dados mais recentes sobre a incidência de Mpox no Brasil.

Autoridades de saúde têm monitorado a situação de perto e apresentando medidas para controlar a disseminação. Algumas providências seriam campanhas de vacinação e orientação para a população. O Comitê de especialistas criado pelo MCTI – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação vem trabalhando num imunizante brasileiro desde 2022, quando houve um surto da doença.

Outros países têm enfrentado um aumento de casos de da doença desde então, como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Alemanha, França e Austrália. Países africanos, porém, tiveram surtos graves, como a República Democrática do Congo (RDC).

A transmissão da Mpox ocorre, principalmente, através do contato direto com secreções corporais de pessoas infectadas. Alguns exemplos são saliva, gotículas respiratórias, muco e fluidos corporais de infectados, em situações próximas, como beijos e abraços.

Outra forma de contaminação é o contato com superfícies e materiais contaminados, como roupas, lençóis e outros itens que tenham tido contato com uma pessoa infectada. A doença também pode ser transmitida através de animais infectados para humanos, como primatas ou roedores, ou com seus fluidos corporais.

É importante seguir medidas de prevenção, como manter uma boa higiene das mãos, evitar o contato próximo com pessoas com sintomas da doença e com superfícies ou materiais contaminados. A vacinação também é importante para prevenir a infecção e evitar a propagação do vírus.

Pessoas de todas as idades podem ser contaminadas com a Mpox. A maior incidência, porém, acontece em adultos jovens e adultos de meia-idade, em função de comportamentos de risco, densidade populacional e padrões de mobilidade. No surto recente, muitos casos foram notificados entre pessoas de 20 a 40 anos.

Portadores de doenças crônicas, imunocomprometidas ou com menos acesso a cuidados de saúde são consideradas populações de risco específicas e podem ser mais vulneráveis à doença e suas complicações. Observou-se menor incidência entre crianças e adolescentes.

Na maioria dos casos, os sintomas da doença desaparecem sozinhos em poucas semanas. Em outros, porém, o vírus pode provocar complicações médicas ou até levar à morte. Recém-nascidos, crianças e pessoas com imunodepressão pré-existente correm maior risco de sintomas mais graves e de morte pela infecção.

Quadros graves de Mpox podem incluir lesões maiores e mais disseminadas (sobretudo na boca, nos olhos e em órgãos genitais), infecções bacterianas secundárias de pele ou infecções sanguíneas e pulmonares. As complicações se manifestam através de infecção bacteriana grave, causada pelas lesões de pele, encefalite, miocardite ou pneumonia, além de problemas oculares.

Apesar da declaração de emergência sanitária global, a vacinação contra a doença não exige uma estratégia de imunização em massa. Ao contrário, a OMS sugere que somente indivíduos em risco, como os que tiveram contato próximo com pessoa infectada ou pertencem a um grupo de alto risco, devem ser considerados para a vacinação.

Isso acontece porque a transmissão da Mpox, tem se concentrado em grupos populacionais específicos. No Brasil, seguindo os critérios da OMS, a aplicação se concentra em pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) e profissionais de laboratório, que trabalham diretamente com Orthopoxvírus, a família do vírus da monkeypox.

Duas vacinas são recomendadas pelo Grupo Consultivo Estratégico de Especialistas em Imunização da OMS e foram aprovadas por autoridades reguladoras brasileiras. São elas a ACAM2000, da Sanofi Pasteur, e a Jynneos (também conhecida como Imvamune ou Imvanex), da Bavarian Nordic.

Devido à dificuldade de acesso às vacinas, somente disponível em ambiente hospitalar, e à melhora na situação, o Ministério da Saúde brasileiro decidiu não comprar mais imunizantes. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou que a Mpox exige atenção no país, mas não é motivo de alarme, apesar da declaração de emergência global da OMS.

Segundo ela, o governo está pronto para agir, com foco em vigilância, testes, diagnósticos e uso das vacinas que temos disponíveis. Um comitê de emergência também foi criado para coordenar essas ações.

A ACAM2000 tem dose única por via percutânea, enquanto a JYNNEOS, uma vacina de vírus vivo atenuado, mostrou ser 85% eficaz na prevenção da Mpox em estudos clínicos. Em 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a liberação do uso emergencial da Jynneos/Imvanex. Após o surto no mesmo ano, foi verificada uma melhora no quadro da doença no Brasil e em outros países.

No Brasil, o tratamento e prevenção da doença inclui a vacinação e medicamentos antivirais. Um deles é o Tecovirimat (TPOXX), específico para vírus da varíola e autorizado para o tratamento da Mpox em alguns países, que atua inibindo a propagação do vírus no organismo.

Outro medicamento indicado é o Cidofovir, antiviral de amplo espectro, que pode ser utilizado em casos graves da doença ou quando outros antivirais não estão disponíveis. O Brincidofovir é uma versão mais recente do Cidofovir, também é utilizado em alguns casos de da doença, quando há resistência ou intolerância a outros antivirais. Os três medicamentos acima – tecovirimat, cidofovir e brincidofovir – estão disponíveis em contextos hospitalares.

Em suma, a OMS está preocupada com a Mpox como uma possível nova endemia global, em função de alguns fatores. Entre eles estão o aumento na incidência de casos, padrões de transmissão sustentada, falta de imunidade em massa e os desafios associados ao controle da doença.

Tal preocupação pede uma resposta coordenada, incluindo a implementação de medidas de saúde pública, o desenvolvimento e a distribuição de vacinas, e educação sobre a prevenção e tratamento da doença. Fica a esperança que a OMS consiga auxiliar os países a controlar o avanço dos casos e evitar a ameaça de uma nova endemia.

Fontes:

– Portal G1 – Mpox: vacinação em massa contra doença não é recomendada; entenda estratégia de imunização. Por Roberto Peixoto, em15/08/2024. https://g1.globo.com/saude/noticia/2024/08/15/mpox-vacinacao-em-massa-contra-doenca-nao-e-recomendada-entenda-estrategia-de-imunizacao.ghtml

– Portal GOV.BR – Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Vacina nacional contra a Mpox é prioridade da Rede Vírus, de 19/08/2024. https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/noticias/2024/08/vacina-nacional-contra-a-mpox-e-prioridade-da-rede-virus#:~:text=Segundo%20o%20Minist%C3%A9rio%20da%20Sa%C3%BAde,da%20vacina%20contra%20o%20v%C3%ADrus.

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