Mulheres na ciência e na saúde

O Dia Internacional da Mulher, celebrado dia 8 de março, é uma data importante para refletirmos sobre as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres ao longo da história. Essa também é uma oportunidade para reconhecer o papel fundamental das mulheres em diversas áreas, incluindo a ciência e a farmácia, contribuindo com inovações e avanços essenciais para a sociedade.

A data foi adotada oficialmente pela ONU – Organização das Nações Unidas em 1975, para marcar a luta das mulheres por direitos iguais, promover a igualdade de gênero e as condições de vida e do trabalho feminino em todo mundo. Desde então, a ONU tem incentivado campanhas de conscientização sobre os direitos das mulheres, contra a violência doméstica, pelo acesso à educação, a participação política e autonomia econômica.

A ideia de uma data internacional para celebrar os direitos das mulheres surgiu durante a Revolução Industrial, no fim do século XIX, quando as mulheres começaram a lutar por melhores condições de trabalho, igualdade salarial e pelo direito ao voto. Um evento específico, porém, foi o marco inicial para a escolha do dia 8 de março, como veremos a seguir.

Em 1857, mulheres trabalhadoras de uma fábrica têxtil em Nova York fizeram uma greve, exigindo melhores condições de trabalho, redução da carga horária e salários mais justos. O protesto foi reprimido de forma violenta; as grevistas foram trancadas dentro da fábrica, que acabou pegando fogo. O incêndio se alastrou, matando cerca de 130 mulheres.

A proposta de um dia internacional da mulher foi formalizada em 1910, pela ativista alemã Clara Zetkin, durante a 2ª Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, em Copenhague, na Dinamarca. Ela sugeriu a criação de um dia específico para promover a luta das mulheres por direitos trabalhistas e pelo direito de voto. A ideia foi aceita por unanimidade e o primeiro Dia Internacional da Mulher foi comemorado no ano seguinte, em 1911, em diversos países como Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.

Marie Curie (1867 – 1934)

Ao longo da história, várias mulheres enfrentaram grandes obstáculos para ingressar no mundo da ciência, superando barreiras para mudar para sempre o cenário científico. Um grande exemplo foi a cientista franco-polonesa Marie Curie, primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel e única pessoa premiada em duas áreas, Física (em 1903, compartilhado com seu marido, Pierre Curie, e o físico Henri Becquerel) e Química (1911). Seu trabalho pioneiro sobre radioatividade abriu novos caminhos para a pesquisa científica, impactando profundamente a medicina, com o desenvolvimento de tratamentos para o câncer.

Dorothy Crowfoot Hodgkin (1910-1994)

A química britânica Dorothy Crowfoot Hodgkin e a farmacologista chinesa Tu Youyou merecem destaque por suas grandes contribuições à ciência e ao campo da Farmácia. Crowfoot ganhou o Prêmio Nobel de Química em 1964, por suas descobertas sobre a estrutura de moléculas vitais, como a penicilina e a vitamina B12. Sua pesquisa contribuiu imensamente para o desenvolvimento de medicamentos e tratamentos. Tu Youyou, por sua vez, recebeu o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 2015, por seu trabalho no desenvolvimento de tratamentos para a malária, particularmente a descoberta da artemisinina.

Tu Youyou (1930 – )

Por fim, é impossível não citar a médica, imunologista e empresária alemã de origem turca Özlem Türeci, cofundadora da BioNTech. Junto com seu marido, Uğur Şahin, a cientista desenvolveu um imunizante rápido e eficaz contra o SARS-CoV-2, o vírus causador da COVID-19. A criação da vacina BNT162b2, mais conhecida como Pfizer-BioNTech, foi um feito histórico e teve papel fundamental no combate à recente pandemia de 2020.

Özlem Türec (1967 – )

No Brasil, devemos destacar a médica alagoana Nise da Silveira (1905 – 1999), que ficou conhecida por seu trabalho em saúde mental. Sua pesquisa influenciou diretamente as práticas terapêuticas e farmacológicas no tratamento de distúrbios psicológicos, dando uma nova visão sobre o uso de medicamentos e terapias para doenças mentais.

Nise da Silveira (1905 – 1999)

Outro nome de peso em nosso país é a farmacêutica carioca Luciana Nunes, que tem se destacado no desenvolvimento de soluções e medicamentos inovadores, com foco em saúde pública e prevenção de doenças. Essa é só uma pequena amostra de como o talento e a dedicação das mulheres continuam a transformar a ciência e a farmácia, e como devemos continuar a apoiar e promover suas conquistas.

Hoje, muitas mulheres farmacêuticas atuam na pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos e terapias, contribuindo fortemente para soluções inovadoras em áreas como oncologia, doenças cardiovasculares e saúde pública. Apesar disso, ainda há muito a ser feito para garantir maior representatividade e igualdade de oportunidades para elas. A presença feminina, especialmente em posições de liderança e pesquisa, precisa continuar a crescer, pois a diversidade de perspectivas é fundamental para o avanço científico e tecnológico.

O Dia Internacional da Mulher marca a necessidade de reconhecimento contínuo das mulheres em todas as áreas, incluindo a ciência e a farmácia. É importante celebrar as conquistas já alcançadas, além de superar as barreiras ainda existentes. O futuro da ciência e da saúde passa, sem dúvida, pelo trabalho incansável das mulheres, que moldam nosso presente e trabalham para garantir um futuro mais justo e inovador.

Fontes:
• Portal Gov.br, Ministério da Cultura. Fundação Biblioteca Nacional. 18 de Junho – Dia do Químico: Marie Curie e o Primeiro Nobel Feminino. 23 JUN 2023. https://www.gov.br/bn/pt-br/central-de-conteudos/noticias/18-de-junho-dia-do-quimico-marie-curie-e-o-primeiro-nobel-feminino
• Portal G1, Ciência e Saúde. Nobel de Medicina, Tu Youyou recebe mais importante prêmio científico chinês. 09 JAN 2017. https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/nobel-de-medicina-tu-youyou-recebe-mais-importante-premio-cientifico-chines.ghtml
• Portal Globo.com. Quem foi Dorothy Crowfoot Hodgkin, química pioneira e vencedora do Nobel. Por Bernardo França. 18 MAI 2013. https://revistagalileu.globo.com/colunistas/quer-que-eu-desenhe/coluna/2023/05/quem-foi-dorothy-crowfoot-hodgkin-quimica-pioneira-e-vencedora-do-nobel.ghtml
• Portal Gov.br, Ministério da Educação. O Dia Internacional da Mulher e a Luta por Igualdade: Reflexões e Compromissos. 07 MAR 2025. https://www.gov.br/ibc/pt-br/assuntos/noticias/o-dia-internacional-da-mulher-e-a-luta-por-igualdade-reflexoes-e-compromissos#:~:text=A%20data%20foi%20oficialmente%20reconhecida,luta%20por%20igualdade%20de%20g%C3%AAnero.
• Portal UOL, Educação. EUA ou Rússia? Qual a origem e a história do Dia Internacional da Mulher. 08 MAR 2025. https://educacao.uol.com.br/noticias/2025/03/08/eua-ou-russia-qual-a-origem-e-a-historia-do-dia-internacional-da-mulher.htm
• CNN Brasil Business. Conheça a história dos empreendedores que criaram a 1ª vacina contra a Covid-19. Por Raphael Coraccini. 05 DEZ 2020. https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/conheca-a-historia-dos-empreendedores-que-criaram-a-1-vacina-contra-a-covid-19/
• Centro Cultural do Ministério da Saúde. Nise da Silveira, vida e obra. http://www.ccms.saude.gov.br/nisedasilveira/uma-psiquiatra-rebelde.php

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