Tomando uma frase clichê, que nos diz: “O mundo está sempre em evolução” por base, queremos compartilhar com os leitores deste blog, alguns pensamentos sobre os desafios dos profissionais que atuam no mercado farmacêutico brasileiro, dentre estes: colegas farmacêuticos, profissionais químicos, engenheiros, administradores, financeiros, médicos, dentre outros profissionais que atuam neste negócio no país.
Sabidamente, o parque industrial farmacêutico brasileiro, que era composto em sua grande maioria por empresas multinacionais até a década de 90, foi alavancado no final daquela década através de políticas públicas, incentivos fiscais e financeiros, voltadas para a implementação da Lei dos Genéricos[1], quer sejam no financiamento de plantas farmacêuticas, incentivos ao desenvolvimento de inovações e em medicamentos genéricos, além da aprovação da Lei de Patentes[2] que também se consolidado na mesma época, a fim de garantir a coexistência das inovações e impulsionar a indústria nacional através dos fatores acima descritos, o que de fato aconteceu e hoje temos grandes empresas consolidadas neste segmento da economia. E desta forma, os profissionais que já atuavam neste mercado e os recém-formados atendiam as demandas deste mercado quer sejam atuando nas indústrias ou na comercialização, bem como, nas áreas de suporte deste mercado. Porém esta realidade da atuação profissional vem se alterando rapidamente.
Os profissionais que ingressam no mercado farmacêutico de trabalho podem atuar no comércio varejo ou hospitalar, na indústria, em laboratórios de análises clínicas, em instituições governamentais ligadas as áreas de saúde, dentre tantas opções oferecidas por este mercado. E para todas, a formação acadêmica é um importante diferencial. No entanto, as instituições de ensino têm enfrentado, há muitos anos, dificuldades para colocar em curso as diretrizes do MEC[3] no ensino das ciências farmacêuticas, em particular, quer sejam por restrições orçamentárias, baixa atratividade de profissionais para lecionar nos cursos acadêmicos, por falta de profissionais habilitados às novas solicitações do mercado, e estas últimas estão em contante evolução guiadas pelas inovações em produtos, tecnologias da informação e serviços, na sua grande maioria importadas de outros mercados, e outro fator que colaborara com o cenário de percalços, é o baixo nível educacional e de conhecimento dos estudantes, estes são desafios reais vividos no dia-a-dia das instituições universitárias do país.
A evolução nas ciências farmacêuticas, e médicas, ganhou um impulso de aceleração durante a pandemia da COVID-19, onde podemos verificar que muitos países se deram conta que projetos que foram rechaçados, poderiam ter feito muita diferença nos quadros de saúde pública mundo a fora, e deste modo, por esta tomada de consciência no pós-pandemia, está acontecendo uma aceleração deste mercado para buscar cada vez mais inovações de ruptura e que possam ser implantadas em tempos mais curtos, e deste modo os profissionais estão sendo desafiados não apenas a desenvolver novas competências, mas desenvolvê-las de forma mais célere. É o que verificamos nas descobertas de vacinas de RNA mensageiro (mRNA), de proteínas virais, utilizadas para aplacar a pandemia do Corona Virus, dentre outras tecnologias que estão em uso em formulações intravenosas, além de outros produtos inovadores na esteira dos produtos biológicos e de terapias avançadas, que muito atraem a indústria farmacêutica.
Assim, é de se esperar que este mesmo fenômeno esteja acontecendo também no Brasil, mas com uma agravante, nossos profissionais farmacêuticos saem das instituições de ensino superior, no que diz respeito a graduação, sem o devido preparo para atuarem em área que abranjam biofármacos, biomedicamentos, imunobiológicos, hemocomponentes, hemoderivados e outros produtos biotecnológicos e biológicos como disposto no parágrafo 4º, inciso XVII, art. 5º da RESOLUÇÃO Nº 6, DE 19 DE OUTUBRO DE 2017, que “Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia e dá outras providências.” o mercado aguarda os profissionais com melhores formações e capacidades para atuarem de forma contundente neste braço do mercado farmacêutico.
Infelizmente, estamos vendo a indústria nacional patinar, no que diz respeito ao avanço neste campo das ciência farmacêuticas e médicas, no que tange os medicamentos biológicos e biossimilares, e um dos fatores que contribuem para esta oportunidade ainda não explorada por aqui, é a falta de profissionais devidamente qualificados e capacitados para atuarem nestas empresas, em pesquisas, que as que estão em curso, estão concentradas nas universidades e institutos de pesquisas públicos, ou seja, precisamos com urgência rediscutir o currículo de formação das ciências farmacêuticas e entender se este está a contento ou aquém das necessidades de mercado, e estando a contento, precisamos cobrar a sua implementação de forma mais expressiva e estando aquém rediscutir um novo currículo para formação de profissionais melhor capacitados teórica e praticamente.
E aqueles profissionais que já estão no mercado e tenha o desejo de atuar neste nicho do mercado, resta buscar cursos profissionalizantes no exterior[4] ou treinamentos on line[5], por ora, pois aqui nas terras Brasilis ainda temos raras e poucas iniciativas ofertadas pelas instituições públicas[6].
Existe uma máxima de mercado na qual acredito bastante que é: “Você é o responsável por sua carreira!” então, seja protagonista e busque se aperfeiçoar qualquer que seja sua área de atuação no mercado farmacêutico.
Agradeço a sua atenção.
E até o próximo texto do blog.
[1] Lei dos Genéricos – LEI Nº 9.787, DE 10 DE FEVEREIRO DE 1999.
[2] Lei de Patentes – LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998
[3] RESOLUÇÃO Nº 6, DE 19 DE OUTUBRO DE 2017
[4] HMX Pro Online Courses – Harvard Medical School
[5] Best Biotechnology Courses & Certificates Online [2023] | Coursera
[6] Butantan abre inscrições para três cursos de especialização em saúde para 2024 – Instituto Butantan
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