Além de causar dependência, a nicotina está associada a mais de 50 enfermidades, como câncer, doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas. Apesar das restrições ao tabagismo nos últimos tempos, esse ainda é um dos principais problemas de saúde pública no mundo. Quando levado para o ambiente corporativo, seus efeitos se estendem além da saúde individual: atingem diretamente a produtividade, o clima organizacional e os custos da empresa.
Mesmo que o número de fumantes tenha diminuído ao longo dos anos, o tema continua sendo relevante, especialmente para empresas que buscam ambientes mais saudáveis, sustentáveis e financeiramente eficientes. Nas empresas, funcionários fumantes apresentam, em média, maior número de faltas por problemas de saúde, mais pausas diárias para fumar e maior risco de acidentes de trabalho, principalmente em ambientes operacionais.
A produtividade de colaboradores também tende a cair, pela ausência e pela redução do desempenho físico e mental. Por fim, o tabagismo nas empresas causa aumento nos custos com planos de saúde e seguros. Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que empresas com funcionários fumantes gastem cerca de 20% a mais com despesas médicas e tenham perda de produtividade de até 30%, em comparação com equipes compostas por não fumantes.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2023, o Brasil tem mantido a queda no número de fumantes. Em 2023, 9,2% da população adulta brasileira declarou ser fumante. Esse número mostra uma redução significativa, em comparação com 34,8% registrados em 1989 e 12,6% em 2019.
Os dados acima reforçam o impacto positivo das políticas públicas de controle do tabaco no país. Alguns exemplos dessas ações são campanhas de conscientização, restrição à propaganda, aumento de impostos sobre produtos derivados do tabaco e proibição de fumar em ambientes fechados.
Por outro lado, a popularização dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), como cigarros eletrônicos e vapes, principalmente entre jovens, tem acendido um alerta. Segundo dados da Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz e do INCA – Instituto Nacional de Câncer, o uso de DEFs no Brasil cresceu, sobretudo em classes mais jovens e escolarizadas. Essa informação pode representar um retrocesso nas conquistas contra o tabagismo.
No cenário global, a OMS – Organização Mundial de Saúde afirma que ainda existem mais de 1,3 bilhão de fumantes no mundo. Desse número, 80% dos fumantes vivem em países de baixa e média renda, onde os impactos econômicos e sociais do tabagismo são ainda maiores.
Para empresas que oferecem planos de saúde corporativos e seguros de vida aos colaboradores, a presença de funcionários fumantes representa um risco atuarial maior. Tal fato pode resultar em prêmios mais altos em seguros de vida e saúde, maior rotatividade de funcionários por questões de saúde e gastos indiretos com recontratações e treinamentos.
Como já citado acima, o tabagismo também pode causar redução da performance geral das equipes. As pausas regulares para fumar (em média, 6 a 10 minutos, diversas vezes ao dia) podem somar até 1 hora de improdutividade diária por colaborador, impactando o rendimento de toda a equipe.
Empresas que investem em programas de qualidade de vida e campanhas de combate ao tabagismo colhem benefícios significativos. Algumas ações benéficas para empresas são campanhas de conscientização com apoio de profissionais da área da saúde, acesso a tratamentos farmacológicos e terapias antitabagismo e inclusão de ações educativas no ambiente de trabalho.
Empresas podem oferecer, ainda, benefícios para quem aderir a programas para parar de fumar. Essas medidas não apenas reduzem os custos a longo prazo, como também reforçam a imagem da empresa como responsável, preocupada com seus colaboradores e com a sustentabilidade do negócio. Investir na saúde dos colaboradores é investir no futuro da empresa.
Como vimos, combater o tabagismo no ambiente corporativo não é apenas uma questão de saúde, mas de eficiência, economia e responsabilidade social. Programas bem estruturados, baseados em evidências científicas, podem transformar a cultura organizacional e gerar ganhos tangíveis para todos os envolvidos.

Fontes de pesquisa:
- Organização Mundial da Saúde (OMS) – www.who.int
- Ministério da Saúde – www.gov.br/saude
Ministério da Saúde e INCA lançam campanha de prevenção ao uso de cigarros eletrônicos. Publicado
em 29/05/2024. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2024/maio/ministerio-da- saude-e-inca-lancam-campanha-de-prevencao-ao-uso-de-cigarros-eletronicos - IBGE – Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2023: www.ibge.gov.br
- INCA – Observatório da Política Nacional de Controle do Tabaco. Diversos artigos disponíveis em https://www.gov.br/inca/pt-br/search?origem=form&SearchableText=Observat%C3%B3rio%20da%20Pol%C3%ADtica%20Nacional%20de%20Controle%20do%20Tabaco
- Fiocruz – Estudo sobre o uso de Dispositivos Eletrônicos para Fumar. Diversos artigos disponíveis em https://tabaco.ensp.fiocruz.br/pt-br/palavras-chave/dispositivos-eletronico-para-fumar